Como melhorar o sono da criança autista
*Texto escrito para a coluna que realizo no blog Amor e Maternidade. Não deixem de conferir os conteúdos incríveis do blog da Mayara Figueredo!
Sono de uma criança autista

É muito comum que os autistas sofram de comorbidades e, entre elas, os distúrbios do sono são frequentes.
Pesquisas indicam que a pessoa autista dorme menos que as demais e apresentam dificuldades para dormir.
Um estudo publicado no jornal científico Archives of Disease in Childhood mostrou que até os dois anos e meio, os bebês autistas não manifestam comportamentos tão diferentes durante o sono em relação a quem não sofre de TEA; porém, após essa idade, as crianças com autismo passaram a dormir 43 minutos a menos por noite e, entre os 6 a 7 anos, chegam a acordar até 3x mais.
Dificuldades
As razões para essa dificuldade ligada ao sono nos autistas se dá por um conjunto de fatores.
O primeiro deles é a dificuldade que eles podem ter em diferenciar o claro e o escuro, algo que ocorre principalmente nos casos do autismo associado à deficiência visual. Com essa falta de percepção da luz, o organismo passa a produzir quantidades reduzidas de melatonina, o hormônio que influencia diretamente no sono das pessoas.
O excesso de estímulos também pode ser prejudicial, já que os autistas possuem uma maior dificuldade em manter o foco em um só estímulo. A costura do pijama, a decoração chamativa do quarto e o barulho dos carros na rua, por exemplo, podem dificultar a concentração no sono, além do fato de que as crianças autistas costumam se autoestimular (por exemplo, balançando as mãos, manipulando um objeto por longos períodos) e os gestos repetitivos também contribuem para que elas percam o foco no descanso.
Muitos pais são capazes de ajudar os seus filhos a criarem padrões melhores de sono, e isso vale para os pais de todo autista. O resultado positivo pode ser alcançado!

O que pode ser feito para melhorar o sono da criança autista?
O ambiente deve ser o mesmo todas as noites e deve ser quieto, escuto e confortável (não muito quente e não muito frio).
Deve-se evitar coisas como rádio, televisão e música. Crianças com TEA podem ser mais conscientes de barulhos à noite, que não incomodariam outras crianças, como, por exemplo, barulhos da casa, barulhos de água corrente, etc.
Verificar se ele possui alguma sensibilidade a coisas como a textura dos lençóis e pijamas
A rotina é ainda mais essencial no caso das crianças autistas. É preciso estabelecer hábitos curtos, previsíveis e esperados, que o ajudem a relaxar. A estabilidade e a segurança de ter uma rotina todos os dias o ajudará nisso, porém não deve exceder de 60 minutos.
O uso de um cronograma visual ou uma “lista de coisas para fazer” (p.ex. imagens, palavras, ou ambos) podem auxiliar a criança autista (ou até mesmo as demais crianças mais novas) a se lembrar de cada passo, e lhe passará a ideia de ordem e consistência.
Uma orientação importante é a de deixar o quarto da criança autista menos decorado possível. Um ambiente mais neutro tende a não estimular tanto o pequeno durante a noite.
Crianças em idade escolar com desenvolvimento normal precisam de 10-11 horas de sono. No entanto, muitas crianças com TEA parecem necessitar de menos tempo. É importante ter isso em mente, pois colocar uma criança mais cedo na cama "para dormir mais" pode, de fato, tornar mais difícil para a criança pegar no sono.
Exercícios que estimulem a atividade física são ótimos, sobretudo durante a tarde. Assim, a criança pode até dormir melhor durante a noite.
É importante que os pais evitem dormir no mesmo cômodo que seu filho, pois será mais um foco de distração para ele.
Alimentos estimulantes, como chocolate, café e chá, não devem ser ingeridos próximos à hora de dormir.
Em alguns casos, o uso de medicação, sob orientação médica, pode ser recomendado. Suplementos de melatonina, por exemplo, demonstraram resultados positivos.
